A SIMPLICIDADE É O IMPULSOR DO KARTING
Para que o karting volte a ser difundido, precisamos voltar a alguns conceitos originais, como a simplicidade.O que, do ponto de vista do motor, indica o motor refrigerado a ar sempre válido
por M. Voltini
Nesta coluna de destaque, temos sublinhado frequentemente como uma das “conditio sine qua non” para regressar a uma adequada expansão do karting de base, nomeadamente o mais popular, o de base, é retomar alguns dos conceitos originais deste tipo de veículo.A começar pela simplicidade: um aspecto que por si só arrasta consigo muitos outros, todos positivos.Para começar, um kart mais simples também é mais leve e assim tem maior desempenho;ou permite que até mesmo os pilotos mais pesados corram competitivamente, com o mesmo peso regulamentar mínimo.Outro aspecto muitas vezes não considerado tanto quanto merece é que um kart mais leve afeta menos os pneus, estressa-os menos, para que mantenham seu desempenho por mais tempo e durem mais com as mesmas outras características, com vantagens econômicas relacionadas.Estas últimas, aliás, são acrescidas de simplicidade construtiva pelo simples facto de o que não está… não custa!Finalmente, há o fator nada secundário de que um simples kart é mais fácil de manejar e, portanto, pode trazer muitos entusiastas simples para a pista, e não apenas estudantes de engenharia ou aqueles que podem pagar um mecânico especializado.
OS MOTORES DE KART REFRIGERADOS A AR OFERECEM GRANDE FACILIDADE DE USO, ENQUANTO OS SISTEMAS DE RESFRIAMENTO A ÁGUA ATUAL SÃO EXTREMAMENTE DEFEITOS E, ALÉM DO MAIS, NECESSÁRIOS
A BELEZA DO AR
No passado, analisamos como as categorias mais bem-sucedidas e bem-sucedidas são aquelas que oferecem motores simples de usar e fáceis de gerenciar, e não aquelas com maior potência de todos os tempos.Estes últimos são bons para as categorias de topo, os campeonatos Cik/Fia.É justo salientar, de facto, que quando foram propostos motores “ao nível dos campeonatos do mundo”, estes não “descem”: foi o que aconteceu, por exemplo, com os KF e os OK.Enquanto que quando se impuseram motores adequados ao grande corpo dos pilotos de kart, como o 125 com caixas de velocidades fixas, descomprimidas e com carburador standard, estes foram tão difundidos que tiveram impacto também no Campeonato do Mundo KZ.Sendo assim que os motores devem ter características de simplicidade, neste momento vamos nos concentrar em uma característica que está na base deste aspecto: o resfriamento a ar.Provavelmente alguém vai torcer o nariz, mas na nossa opinião, no caso específico do karting, a refrigeração a ar ainda tem uma razão mais do que válida para existir, a começar precisamente pela simplicidade geral que garante.Além disso, se é verdade que em teoria o resfriamento líquido garante melhores condições de funcionamento do motor e também é mais tecnológico, na verdade não sabemos o quanto esse raciocínio é realmente aplicável aos motores de kart.Quem não tem viseiras pode, de fato, observar como nos motores de kart (com exceção do Rotax Max) a disposição do sistema de refrigeração a água é completamente malfeita: radiadores enormes em relação à cilindrada (indício, portanto, de baixíssima eficiência), circuitos hidráulicos com 7 peças de tubo (e 14 grampos a apertar…), a necessidade de regular manualmente a cortina do radiador, etc.O facto de só no kart não ter sido possível criar sistemas de refrigeração líquida verdadeiramente autorregulados em temperatura e que tenham apenas dois tubos (um de avanço e outro de retorno) entre o motor e o radiador, deve fazer-nos pensar (ruim ).
TECNOLOGIA VÁLIDA
Alguns querem que acreditemos que usar refrigeração a ar em um motor de kart é algo que diminui seu prestígio técnico, mas dificilmente concordamos.Fora que se ainda hoje muitas categorias de kart ainda utilizam esse tipo de motor, deve haver um motivo, e temos também um exemplo bastante significativo: o livro “Motores de dois tempos de alto desempenho” escrito por Massimo Clarke.Nesta pequena “bíblia” para os fãs do assunto, de fato, os motores de kart refrigerados a ar são representados como a evolução máxima desse tipo.Tanto é assim que até um destes motores é colocado na tampa: claro que, neste caso, conta sobretudo a presença da válvula de disco rotativo colocada à frente, mas parece-nos claro que, obviamente, a presença de refrigeração barbatanas não representou um negativo.Em todo o caso, quem já anda há algum tempo no ramo dos motores sabe muito bem que só quando as temperaturas exteriores ou do ar são verdadeiramente elevadas é que se podem verificar alguns limites no arrefecimento do ar, no final da corrida.Porém, nada insolúvel ou deletério: basta lembrar a velha prática de fechar a boca de entrada com a mão de vez em quando para aumentar o combustível do motor, com efeito lubrificante e refrigerante.E o próprio escritor sabe bem disso, tendo na Itália se encontrado algumas vezes correndo em dias com temperaturas acima de 40° C. Além disso, permita-me, se eles querem nos fazer acreditar que o resfriamento do ar dá problemas, isso realmente significa que eles estão deliberadamente fechando os olhos para muitos outros problemas que os motores refrigerados a água oferecem, incluindo correias, vazamentos de água, temperaturas que disparam se você não prestar atenção aos instrumentos no volante e assim por diante.Sem falar no custo.
SIMPLICIDADE GERAL
Tendo estabelecido as bases para entender que um motor refrigerado a ar ainda é adequado para karts, vamos ver qual é a situação real.Sem considerar os motores Minikart mas apenas os mais “adultos”, facilmente podemos constatar que ainda existem categorias que adotam os motores refrigerados a ar com sucesso e sem problemas particulares relacionados com a refrigeração: uma acima de todas (mas não a única) é o Easykart.Sem esquecer que existem situações locais em que categorias significativas são geridas por motores deste género, como é o caso da TKM no Reino Unido ou da Raket na Escandinávia.De qualquer forma, os principais fabricantes europeus de motores ainda possuem em seu catálogo versões de motores refrigerados a ar que podem ser adotados por determinadas séries ao redor do mundo, que por suas características econômicas têm certo sucesso, embora limitado a áreas específicas.Desse ponto de vista, o verdadeiro problema é que a autoridade esportiva internacional não prevê categorias “sedadas” com esse tipo de motor.Que, se não fizessem sentido, não seriam mais produzidos, certo?Em vez disso… Um exemplo que gostaríamos de destacar é o fabricante australiano PRD, que em sua produção de motores possui uma ampla gama de velocidades simples de 100 e 125, tanto com refrigeração líquida quanto com refrigeração a ar.Uma série que pode ser modulada de várias maneiras, para as diferentes alternativas de construção: entrada de pistão ou válvula de palheta, acionamento direto ou com embreagem centrífuga, partida elétrica ou não… são tantas opções.O que gostaríamos de destacar, no entanto, é que os preços no importador austríaco são realmente embaraçosos (para outros): variam de menos de 1.000 euros (carburador e silenciador incluídos) para o motor mais simples, a porta de pistão 100/125 com acionamento direto de 17/21 cv, para menos de 2.000 euros para a variante de válvula de palheta refrigerada a ar com partida elétrica e embreagem centrífuga, com cerca de 23 cv.Além disso, os HPs adequados para aquela categoria da qual costumamos falar que para economia e desempenho (e diversão) devem ser colocados a meio caminho entre aluguel / resistência e corridas atuais.
MUITOS FABRICANTES DE MOTORES AINDA POSSUEM, EM SEU CATÁLOGO, UNIDADES REFRIGERADAS A AR QUE EQUIPAM VÁRIAS CATEGORIAS NO MUNDO
O QUE MAIS PODE SER FEITO
Resumidamente, a nosso ver, há sim espaço para uma ou mais categorias de kart reconhecidas pela Cik/Fia com motores refrigerados a ar e configuradas de forma a fomentar a popularidade deste esporte em todo o mundo.Gostaríamos também de acrescentar que repensar o kart nesse sentido pode desbloquear ou liberar certas mentalidades e levar a mais benefícios do ponto de vista técnico.Por exemplo, podemos pensar em um motor com aletas “encapsuladas”, ou seja, com esteiras laterais (mas também no cabeçote) que ao canalizar o ar melhoram a refrigeração e reduzem o ruído.Se pensarmos então que um motor direct drive é simples mas também anacrónico (afinal, também nós acreditamos que o motor de arranque “estilo 100” já não é adequado, em pleno terceiro milénio) ainda assim convidamos os poderosos a escolher seus cérebros e encontrar um sistema alternativo à partida elétrica (sempre muito complexa e problemática) já que o push-type não representa um problema com o KZ.Além de descompressores como os usados em OK, que não funcionam na perfeição mas apenas porque são mal dimensionados, podem ser estudadas novas soluções de embraiagem centrífuga que tornam os karts mais fáceis de gerir e modernos ao mesmo tempo.O que vem à mente, por exemplo, é uma embreagem que ainda permite a partida com força.Não é impossível: estava presente, por exemplo, no Honda Super Cubs (o veículo de duas rodas mais vendido de todos os tempos) graças a uma junta unidirecional que permitia o arranque em caso de problemas, apesar da presença da embreagem automática.Ou você pode transformar a clássica embreagem centrífuga de velocidade única para que ela possa ser operada manualmente quando necessário, ou seja, para dar a partida, em caso de derrapagem ou mesmo apenas para se mover mais facilmente no paddock.As possibilidades estão aí: basta pensar um pouco.E talvez seja melhor alguém fazer isso agora antes que os chineses pensem nisso… ou não?Este é também um aspecto a reflectir.
ADOTAR MOTORES REFRIGERADOS A AR DE “ESTADO DA ARTE” TAMBÉM SERVE PARA REPENSAR O KARTING, RESULTANDO EM VANTAGENS ADICIONAIS EM MUITOS OUTROS ASPECTOS
Artigo elaborado em colaboração comRevista Vroom Karting
Horário da postagem: 01 de julho de 2021