O SHOW NÃO É SUFICIENTE

Certos “megaeventos” funcionam como palcos reluzentes, uma “vitrine” para o kartismo mundial.Certamente não é um aspecto negativo, mas não acreditamos que seja suficiente para o real desenvolvimento do nosso esporte

por M. Voltini

 

Publicamos uma entrevista interessante com Giancarlo tinini (como sempre) na mesma edição da revista sala virtual, que mencionou um tema que quero explorar e expandir, e também quero que os leitores comentem.Aliás, entre outras coisas, discute-se sobre a copa do mundo no Brasil, que é um evento “top” e deve ajudar a divulgar nosso esporte pelo mundo: um “show” para tornar o kart conhecido como “preguiçoso” ou “ desinformado” (mas também para os fãs comuns do motor), e uma mostra de seus aspectos mais brilhantes.Porém, como bem apontou o chefe do CRG, não podemos limitar tudo a isso: é preciso mais para apoiar projetos semelhantes.

Então comecei a pensar que muitas vezes nos limitamos à simples aparência e aparência, e não estudamos outras questões em profundidade.De um modo geral, o que falta no kart não são eventos bem organizados.Pelo contrário: além dos eventos de classe mundial e continentais da FIA, existem muitos outros eventos de valor internacional, da Europa aos Estados Unidos, da série WSK à skusa e depois à magti, que são os primeiros eventos aparecer na mente das pessoas.Mas se você realmente quer buscar (e conseguir) a verdadeira promoção do kart, não é só isso.Este conceito significa a difusão e valorização do nosso desporto em termos de quantidade e imagem.

202102221

GLOBALISMO POSITIVO

Antes que haja qualquer mal-entendido, uma coisa deve ficar clara: não sou contra o jogo do mundial no Brasil.No geral, este país fez (e ainda está fazendo) uma grande contribuição para o automobilismo global e, como um grande fã de senna, certamente não posso esquecer esse fato facilmente.Talvez Massa, como presidente da equipe de kart da FIA, esteja um pouco preso ao clima nacionalista, mas ainda não acho que haja algo de errado ou repreensível nessa ação.Pelo contrário, é míope e contraproducente, na minha opinião, restringir eventos de ponta, como os campeonatos mundiais de OK e KZ, a serem realizados apenas na Europa, mesmo que seja conveniente para os fabricantes.Aliás, não é por acaso que fabricantes como a Rotax, cujos dirigentes estão sempre olhando para frente e não influenciados pelos maus hábitos dos karts tradicionais, decidiram mudar a sede das finais para a Europa e outra fora do velho mundo.Essa escolha ganhou glória e prestígio para a série e trouxe um verdadeiro sabor global.

O problema é que não basta apenas decidir realizar um concurso fora da Europa, ou seja como for, se não houver outro concurso, não basta decidir realizar um “concurso de exposição” de prestígio.Isso apenas tornará quase inúteis os enormes esforços econômicos e esportivos que os organizadores e participantes têm que enfrentar.Portanto, precisamos de algo que nos permita reforçar esses eventos brilhantes e glamorosos de forma mais decisiva, em vez de tudo acabar no pódio no momento da cerimônia de premiação.

ACOMPANHAMENTO NECESSÁRIO

Obviamente, do ponto de vista do fabricante, a TiNi mede o problema do ponto de vista do mercado e do negócio.Não é um parâmetro vulgar, porque do ponto de vista esportivo é outra forma de quantificar a popularidade ou o share dos nossos esportes, que são: mais praticantes, então mais autódromos, mais corridas, mais profissionais (mecânicos, afinadores, concessionários , etc.), mais vendas de karts, etc., e, como resultado, como já escrevemos em outras ocasiões, para um mercado de segunda mão, isso por sua vez ajuda aqueles que têm menos probabilidade ou apenas desconfiam de começar atividades de kart e desenvolver ainda mais a prática do kart.Num círculo virtuoso, uma vez iniciado, só produzirá benefícios.

Mas temos que nos perguntar o que acontece quando um fã é atraído por esses jogos de prestígio (na TV ou na vida real).Paralelamente às vitrines do shopping, essas vitrines ajudam a atrair os clientes, mas ao entrar na loja, eles precisam encontrar algo interessante e adequado para eles, seja em uso ou custo;caso contrário, eles irão embora e (o mais importante) nunca mais voltarão.E quando um fã é atraído por essas “corridas de espetáculo” e tenta entender como pode imitar o carro “herói” que acabou de ver, infelizmente, na maioria das vezes bate na parede.Ou melhor, continuando a andar paralelamente à loja, encontra um vendedor que lhe oferece duas opções: um objeto bonito, mas inatingível, ou um objeto disponível, mas não empolgante, sem meias medidas e com possibilidade de outras escolhas.Isso está acontecendo com quem está disposto a começar a correr com karts e oferece duas situações: correr com karts “exagerados” no padrão FIA, ou enduro e leasing, poucas e raras alternativas.Porque do ponto de vista esportivo e econômico, até os troféus de marca são muito extremos agora (com poucas exceções).

 

QUANDO UM ENTUSIASTA SE SENTI ATRAÍDO POR CERTAS “ CORRIDAS DE VITRINE” E TENTA ENTENDER COMO PODE EMULAR OS “HERÓIS” QUE ACABOU DE VIVER CORRIDAS, ENCONTRA APENAS DUAS ALTERNATIVAS: OS MARAVILHOSOS MAS INACESSÍVEIS KARTS NORMAL FIA OU O ACESSÍVEL MAS MENOS EMOCIONANTE LOCAÇÃO UNIDADES, SEM MEIAS MEDIDAS

NÃO SÓ JÚNIOR

Não é por acaso que, novamente na entrevista que deu início a estas divagações, o próprio Tinini vem apontar a falta de uma categoria (ou mais do que uma) que faça a ponte entre o kart 4 tempos de aluguer e a FIA” nível de Campeonato Mundial”.Algo que seja economicamente mais acessível, mas sem abrir mão de um desempenho aceitável: afinal, todo mundo gostaria de correr com um Fórmula 1, mas depois ficamos “satisfeitos” (por assim dizer) com os GT3 também…

202102222

Organizar Campeonatos do Mundo de Karting fora da Europa, para efeitos promocionais, não é novidade: já em 1986, quando ainda corriam as 100cc, foi feita uma viagem ao estrangeiro para promover o karting “estilo Cik” nos EUA, em Jacksonville.Depois houve outras ocasiões, como Córdoba (Argentina) em 94, e outros eventos em Charlotte

A beleza - e curiosamente - é que existem muitos motores mais simples e menos potentes em karts: o Rotax 125 junior max, por exemplo, é um motor de 23 cavalos de potência totalmente confiável e de baixa manutenção, sem sequer a complexidade das válvulas de escape.Mas o mesmo princípio também pode ser aplicado ao antigo KF3.Além de voltar à discussão sobre hábitos profundamente enraizados e difíceis de erradicar, as pessoas devem torcer para que esse tipo de motor seja adequado apenas para motoristas juniores.Mas por que, por quê?Esses motores podem dirigir karts, mas também para maiores de 14 anos (talvez até 20 anos…) Eles ainda querem ter uma diversão emocionante, mas não muito dura.Quem trabalha na segunda-feira não pode voltar exausto na segunda-feira. Além de toda a discussão sobre comprometimento da gestão de veículos e comprometimento econômico, isso é cada vez mais sentido nos dias de hoje.

NÃO É QUESTÃO DE IDADE

Esta é apenas uma das muitas ideias possíveis que podem levar à ideia de como aumentar a divulgação e a prática do kart, livrar-se de alguns planos demasiado rígidos e seguir à risca o que chamamos de “show race”.É uma categoria para todos, sem limite de idade específico, mas pensada para evitar complicações e custos desproporcionais.Uma lacuna a colmatar, o patrono da CRG referiu ainda que pode servir também de “ponte” para as corridas da FIA naqueles países onde, por diversas razões, o automobilismo tem mais dificuldade em recuperar ou criar raízes.Talvez haja uma bela final internacional única chamada FIA. Você não acha que seria mais fácil para um torcedor encontrar vontade, tempo e dinheiro em uma competição de destaque apenas uma vez por ano se a categoria fosse efetiva e “feita sob medida” para ele?Aliás, se pensarmos bem, sem ideias pré-concebidas, existe mesmo raciocínio semelhante, aperfeiçoamento e sucesso do desafio Rotax?Mais uma vez, a visão das empresas austríacas é apenas um exemplo.

Sejamos claros: esta é apenas uma das muitas ideias possíveis para garantir que eventos importantes como o previsto no Brasil não se mostrem isolados e se esgotem em si mesmos, mas possam ser a centelha de algo positivo que está por vir.

O que você acha?E, acima de tudo, tem alguma outra proposta em mente?

Artigo elaborado em colaboração comRevista Vroom Karting.


Horário de postagem: 22 de fevereiro de 2021